O Núcleo Museológico da Rua do Sembrano integra um conjunto de estruturas arqueológicas que permitem, apesar de se tratar de uma área restrita no conjunto da estrutura urbana de Beja, entrever alguns momentos da história desta cidade e o modo como o espaço aqui foi evoluindo. As escavações arqueológicas, efetuadas durante as décadas de 80 e 90 do século XX, colocaram a descoberto vestígios que se estendem, cronologicamente, desde a Pré-História até à Época Contemporânea. Os mais antigos, alguns fragmentos cerâmicos, apontam para uma ocupação deste local que remonta à Idade do Cobre ou Período Calcolítico, no 3º milénio a.C.. É, porém, da Idade do Ferro, na segunda metade do 1º milénio a.C., o conjunto mais importante de elementos aqui recuperados, destacando-se, para além de um significativo conjunto de objetos, um troço de uma robusta muralha construída em pedra ligada com argila, que delimitava o perímetro do povoado deste período, ficando comprovada a teoria segundo a qual já existiria no local onde atualmente se ergue Beja um importante aglomerado urbano antes da presença romana. Esta construção pode hoje ser observada através de uma estrutura em forma de grade de grandes dimensões, abarcando a quase totalidade do piso do Núcleo Museológico, com o chão em vidro, possibilitando uma leitura da zona arqueológica fora do comum. É possível, igualmente, observar algumas estruturas do período romano, nomeadamente os vestígios de umas termas de pequena dimensão, possivelmente parte de uma habitação romana ou constituindo um estabelecimento com exploração comercial. Para além desta componente, o Núcleo integra ainda uma exposição de caráter permanente, na qual podem ser observados objetos retirados das escavações realizadas no sítio, abarcando todos os períodos desde a Idade do Ferro até à Época Contemporânea, fornecendo, por isso, um resumo sobre a história da cidade, e exposições de caráter temporário, relacionadas com a arqueologia e o património histórico da região. O projeto de arquitetura é da autoria do arquiteto Fernando Sequeira Mendes e junto à entrada do edifício pode ser admirado um painel de azulejos de grande dimensão, que recupera o tema da água na cidade antiga, da autoria do artista plástico Rogério Ribeiro.