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Porto

"a leal cidade donde teve origem, como é fama, o nome eterno de Portugal" Luís de Camões

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Os Subterrâneos do Porto

Todas as cidades escondem mistérios e o Porto não é exceção. Por baixo da cidade, longe dos olhares de quem nela vive ou por ela passa, existe um pequeno rio, de seu nome Rio da Vila, que cruza tuneis seculares sob abóbadas em pedra granítica, cuja história remonta à Época Romana, culminando a sua viagem no Rio Douro onde desagua junto à Praça da Ribeira. A primeira referência documental a estes subterrâneos data do ano de 1392, mas só em 1597 por ordem do rei Filipe I se deu início à construção do manancial de Paranhos.

O Rio da Vila era alimentado por dois mananciais, um que nascia onde hoje se encontra a Praça do Marquês de Pombal descendo depois pela antiga Quinta do Laranjal, atual Avenida dos Aliados e o outro que tinha origem nas elevações da Fontainha e que passava pelo atual Mercado do Bolhão descendo por fim pela rua que hoje tem o nome de Sá da Bandeira. Estes dois ribeiros juntavam-se em frente da Estação de São Bento formando assim o rio da Vila que continuava a correr sob a atual Rua Mouzinho da Silveira até se encontrar com o Douro junto da Praça da Ribeira.

Mas o mais extraordinário não é o rio esquecido, mas toda a estrutura que o envolve e que começa muito antes do local onde nasce oficialmente.

A norte da cidade, mais específicamente no Jardim de Arca d’Água existe uma pequena entrada que dá acesso a uma ampla galeria subterrânea de teto abobadado composto por imponentes arcos de granito que deram nome ao jardim sobre ela. Um autêntico portal para um passado escondido que nos convida a viajar no tempo. Trata-se do Manancial de Paranhos ou Mina de Arca d’Água, já referido em cima, mandado construir pelo Rei Filipe I a 20 de Novembro de 1579, embora as obras só começassem em 1597. O custo foi de 22.800.000 reis e a construção terminaria 90 anos depois em 1669. O que quer dizer que os trabalhadores que iniciaram a obra não chegaram a vê-la terminada como acontecia com as grande construções dessa altura.

Nesse local existiam várias nascentes de água não potável, e o objetivo de toda essa rede de canais subterrâneos era abastecer fontes e chafarizes da cidade, lavadouros, regar jardins e alfobres ou pequenas hortas. Era sem dúvida um dos mananciais mais importantes do Porto. 

Longos corredores construídos com blocos de granito perfeitamente alinhados conduzem-nos a pequenas galerias onde existem nascentes de água que alimentam o caudal principal que corre em aquedutos de pedra.

Os corredores são estreitos mas permitem a passagem de forma fácil e sem necessidade de dobrar as costas. No chão ainda com alguma água, existem blocos de granito à superfície, as poldras, que marcam o percurso que podemos pisar em segurança. O granito, as poldras, a água e a sua melodia natural, criam um ambiente de mistério medieval que nos transporta para tempos antigos. É impossível não sentir a surpresa e o fascínio da complexidade e das proporções de toda quela obra de engenharia num tempo em que tudo era feito manualmente. Trabalhadores esquecidos num mundo escondido. 


Na Quinta de Salgueiros este manancial junta-se ao manancial de Salgueiros numa única caleira de pedra com destino à Praça Gomes Teixeira ou Praça dos Leões, já no coração da cidade, onde existe uma fonte com o mesmo nome. São mais de três quilómetros desde o jardim de Arca d’Água! 

Devo dizer que as passagens subterrâneas para pessoas não acompanha em toda a extensão do percurso a caleira de pedra por onde passa a água. É preciso vir algumas vezes à superfície para voltar a descer noutro ponto. Além disso, algumas zonas são fisicamente mais exigentes que outras, pelo que nem tudo é um mar de rosas.
Dito isto, pode pensar que existem percursos abertos ao público para visitar estes espaços, mas não, desde 2007 que o acesso está vedado por falta de condições de segurança. Está previsto no entanto a criação do Museu do Rio da Vila cujo acesso se fará pela Estação de São bento. Vamos aguardar…

Entretanto o nosso ribeiro vai continuar o seu caminho até se transformar num afluente e se juntar ao Rio da Vila na Praça Almeida Garrett. O propósito deste rio está ligado à história do Porto e ao crescimento da cidade. Mais habitantes significa mais detritos, seja na forma de restos alimentares ou de resíduos de caracter fisiológico. Ao atravessar o centro da cidade, o Rio da Vila torna-se o local ideal para depósito destes, cada vez mais abundantes, detritos, que assim iriam desembocar no rio Douro e seguir viagem para o mar. Não seria por isso um local para banhos ou qualquer outra atividade recreativa, mas sim o esgoto da cidade. E como qualquer esgoto estava condenado à obliteração, ao esquecimento. O odor fétido e a sua imagem nauseabunda, a juntar-se a problemas de saúde pública que, embora na altura não fossem reconhecidos ou considerados, acredito que já se fizessem sentir, e também à necessidade premente de se criarem novas vias de circulação ajustadas ao crescimento da cidade levaram a que um conjunto de projetos começassem a emergir. Projetos como a construção da Rua de São João que vai cobrir a parte final do rio em 1700 e da Rua Mouzinho da Silveira que no ano de 1872 o sentencia definitivamente à escuridão tapando toda a sua parte central. 140 anos depois, poucos são os que sabem que ao caminhar nestes locais estão a seguir o leito de um rio que corre quatro metros abaixo dos seus pés, confinado a um túnel de granito com 350 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 3 metros de altura. Paredes verticais e tetos abobadados de rocha antiga cuidadosamente nivelada e lapidada servem de moldura ao curso de água cujo murmúrio constante ofusca qualquer ruido da cidade em cima tornando o silêncio e a escuridão o pano de fundo deste cenário secular. 

Estes subterrâneos esquecidos fazem parte dos alicerces do Porto, foram vitais para a sobrevivência da população e crescimento da cidade. A sua importância e dimensão competem com o engenho e trabalho de todos aqueles que lhes dedicaram as suas vidas. A história do Porto não é contada apenas pelos monumentos tocados pela luz do sol. Longe dos olhares e da memória também existe história.



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